5. Reconhecimento e afeto

Teresa Beleza. Carta a minha mãe sobre o Serviço Nacional de Saúde e outras coisas em Portugal

… Lembras-te da "Lei Arnaut", que, segundo ele mesmo diz, tu redigiste, depois de muito pensares e estudares sobre o assunto, com a seriedade e o empenho que punhas em tudo o que fazias?

… E as crianças, Mãe? Vão de novo morrer antes do tempo porque o parto foi solitário ou mal assistido, porque a saúde materno-infantil passou a ser de novo um bem reservado a alguns privilegiados, ou porque a "selecção natural" voltará a equilibrar a demografia em Portugal, recolhidas as mulheres a suas casas, desempregadas e de novo domesticadas, e perdida de novo a possibilidade de controlo sobre a sua própria fertilidade? O planeamento familiar, que tu tão bem explicaste que deveria segundo a lei seguir a autonomia que o Código Civil reconhece na capacidade natural dos adolescentes - tu, católica, jurista, supostamente conservadora (assim te pensavas, às vezes?)...

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Baptista-Bastos. Um pouco de ternura e nada mais

… Fui rodeado imediatamente de atenções e de solicitudes que logo notei serem iguais para todos quantos haviam entrado naquele crisol de sofrimento e de espanto. Estão do outro lado das coisas, ignoram a natureza concêntrica das grandes simpatias humanas. Têm o coração oco.  … (o seus projetos de demolição social e ética) … Nada sabem dessa humanidade assustada, desvalida, a quem querem roubar o pouco que lhes resta, que sofre nas ruas, nos hospitais, que envelhece no pasmo de desconhecer o que lhes acontece. E ocorre-me a frase de Raul Brandão: "Apenas anseiam por um pouco de ternura e nada mais."...

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Miguel Esteves Cardoso. A nossa família

… Sem a NHS e o SNS, eu seria um morto, sem mulher, filhas ou netos. Estaríamos todos mortos ou condenados à inexistência.
Não é difícil chegar à conclusão, atingida desde os meus dezanove anos, de que as melhores ideias de todas são a social-democracia e o Estado-providência: não tanto no sentido ideológico como na prática.
A nossa família e as nossas famílias só existem e podem existir se não tiverem morrido. Damos graças aos serviços nacionais de saúde — a esse empenho ideológico e caríssimo — que nos tratam como se fizéssemos parte deles.
Devemos as nossas vidas a decisões políticas tomadas por outros...

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